“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

Amyr Klink

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04 julho, 2012

Viagem ao Pais Basco

Hendaye, França
Ano passado, apos passar o Natal em Istambul na Turquia, fui passar os ultimos 5 dias do ano no Pais Basco, na parte espanhola, com a Marcia, minha amiga francesa.
O Pais Basco é a região historico-cultural onde moram os bascos, que inclui o extremo norte da Espanha e o extremo sudoeste da França. A comunidade basca espanhola não tem uma capital e consiste em três provincias cujas capitais são: Vitoria-Gasteiz, San Sebatian ou Donostia e Bilbao. Sendo essa ultima a mais populosa. 
Apesar de receberem influência do resto desses dois paises, os bascos mantêm sua identidade cultural, inclusive a lingua, o euskara. Alguém entende as placas abaixo? é... ficamos um pouco perdidas. Mas na maioria dos lugares tinha a versão em espanhol. Com certeza em algumas aldeias distantes devem existir pessoas que nem falam o espanhol.

Placas na lingua vasca, o euskara
Saimos de Paris em trem até Hendaye, sudoeste da França. Pegamos um busão na cidade, que nos deixou no pier, para atravessar de barco (nem 10 minutos) e mudar de pais até Hondarribia, no extremo norte da Espanha. Foi a cidade mais bonitinha e tipica que visitamos. Imperdivel!

Hondarribia, Espanha

Todas as cidades super limpinhas, mas também olhem os latões de lixo. O Brasil podia arrumar varios desses para as nossas cidades. Por isso, que quando a Marcia foi no Brasil, ela tirou foto dos sacos pretos de lixo amontoados pelo chão do centro de BH. Eu tirei das latonas de lixo na Espanha. Turista so muda de endereço, ne?! 

Lixões

Maquina de comprar leite
Logo na primeira cidade nos deparamos com a bandeira do Etxera e passamos a vê-la por todo lado, em todas as cidades. Etxera é uma manifestação nacional contra a politica penitenciaria de Madri e Paris para com os prisioneiros bascos. Ah, de quebra, olha a bandeira do Brasil ai!

Bandeira o Brasil e Etxera
Pegamos um ônibus até Donostia (San Sebastian). 

Catedral de Donostia (San Sebastian)
Cachorros
Musica tipica basca
Claro que eu não poderia deixar de falar dos pintxos, "espinhos". Isso mesmo! Não são tapas. A diferença entre os dois é que os primeiros vêm sempre com uma fatia de pão. São petiscos que ficam expostos em pratos em cima do balcão do bar. Durante a semana os bascos vão em peso depois do trabalho e comem em pé bebendo uma cerveja ou uma taça de vinho. 

Pintxos

Pegamos um ônibus até Bilbao, deixamos as malas na rodoviaria e partimos de trem até Mundaka, 36km. Essa cidade minuscula é super reconhecida pelo surf. Não tinha quase ninguem na cidade. Os poucos eram surfistas, a Marcia e eu. Comércio todo fechado. Acho que so deve funcionar no verão. Maravilhosa!

Mundaka
Andando pela cidade eu vi a arvore do azevinho. Nunca tinha visto uma. Claro! Ela nasce na Europa, norte da Africa e na Asia ocidental. Os frutos e as folhas são toxicas. O consumo de 20 a 30 bolinhas vermelhas podem ser mortais para um adulto. Servem apenas para efeitos ornamentais!

Azevinho
 Outro trem. Agora para Bermeo!

Bermeo
De volta a Bilbao! Não conhecemos a cidade por falta de tempo e fomos de ônibus para Vitoria-Gasteiz. 

Marcia e eu em um café
Desbravando a confeitaria espanhola! Tinhamos entrado apenas para tomar um chocolate quente e comer um turron. Mas tinham esses biscoitos na vitrine, numa quantidade enorme e a 1 euro. Tivemos que experimentar o polvoron! Polvoron vem de polvo, ou seja, po, pois se quebram facilmente. São biscoitos amanteigados feitos de farinha, leite, açucar e castanhas, mas principalmente de banha de porco. Na Espanha o maior produtor é a Andalucia e é tipico no Natal, apesar de encontrar o ano todo. No México são servidos em casamentos. Nos Estados Unidos são conhecidos como biscoitos de casamento mexicano. Alguns ainda fazem o polvoron vegetariano, trocando a banha de porco por azeite de oliva.

Polvorones
Sempre achei que torrone fosse italiano. Alias, é! Mas o turron é espanhol e o nougat é francês. São todos feitos de mel, açucar, clara de ovo e amêndoas. Hoje em dia chegam a misturar frutas cristalizadas, gema de ovo, chocolate... Podem ser duros ou moles. Quem inventou? Ninguém sabe.
Eu experimentei um mole de gema de ovo uma delicia! 

Torrone na vitrine
Fomos ao principal museu de baralho do mundo, Museo Fournier de Naipes. Vimos a evolução dos naipes ao longo da historia nos diferentes paises, desde o ponto de vista da fabricação como da tematica. Claro, com enfoque espanhol.
Descobri que hoje em dia, usamos os naipes franceses mas com os nomes do baralho espanhol, que representa a sociedade da época que foi criado. Por exemplo:

Ouros (losângulo): no baralho espanhol eram moedas de ouros, representa os comerciantes
Copas (coração): do espanhol taças, representa o clero
Paus (trevo): representa os camponeses
Espada (lança): representa os militares

Minha marquinha no Museu Fournier de Naipes

Praça da Espanha, Vitoria-Gasteiz

Pôr do sol em Vitoria-Gasteiz


"Um basco não é um espanhol nem francês, é um basco." Victor Hugo, escritor francês (1802 - 1885)


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