“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

Amyr Klink

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20 maio, 2011

2 dias em Comacchio

Alguns trens aqui na Europa têm que se comprar o assento. Não que seja permitido viajar em pé, mas eles encaram como coisas completamente diferentes: a passagem e o assento. Essa foi a primeira vez que fomos obrigados a comprar o assento, 9 euros para nós três, lembrando que já tínhamos gasto uma fortuna com o Euro Pass. Quando chegamos no trem, os assentos não existiam. Primeiro a responsável da companhia que fica dentro do trem cobrando as passagens nos disse para sentar em um tal lugar. 10 minutos depois o trem parou numa estação e algumas pessoas tiraram o papai e eu do lugar onde estávamos, pois tinham comprado para aquela marcação. Resultado: viajamos em pé! Tinha uma japonesa com um bebezinho no colo que passou pelo corredor com o trem em movimento procurando uma cadeira vazia para sentar. 
Passagem com marcação fantasma
 Esse trem foi o de Florença/Bologna. Já no de Bologna/Ferrara não tinhamos nº reservado. Foi um salva-se quem puder. Nós ficamos espertos e sentamos logo. Outros não tiveram a mesma sorte. Ah, e vagão eles chamam de carrozza. Francamente...
Mas aqui na Europa, bom, França e Itália, que conheço, eles não têm muito respeito com mais velhos ou com mães com criança no colo, não. Muito menos deficiente físico. O cara tirou o papai (de quase 70 anos) da cadeira no trem sem a menor cerimônia . A mulher com o bebê, ninguém cedeu a cadeira para ela. Em Paris cansei de tentar ceder minha cadeira para algum idoso que ficasse em pé ao meu lado, mas eles não aceitam sentar de jeito nenhum, provavemente quando eram jovens não cediam e agora não querem sentar. Eles são bem corretos nesse ponto. Deficiente físico.... tudo bem que são cidades antigas. Quem conhece Paris sabe que os metrôs têm umas escadarias enormes. Mas a maioria dos hotéis que temos ficado não têm elevador. Temos que carregar nossas malas. Deficiente físico aqui na Europa não tem direito a viajar! Fila prioritária? Nem pensar!

Apesar de toda a raiva, a viagem de trem de Bologna a Ferrara e a de ônibus de 1 hora de Ferrara a Comacchio foi uma delícia. Pudemos apreciar a paisagem italiana. A agricultura forte, vinhedos e plantações de milho sem fim e pequenas cidadezinhas. 
A água do Adriático não é tão gelada quanto eu pensava, mas a quantidade de água viva na areia e o fato de eu ter esquecido de colocar meu biquine na mala me desanimaram de vez de tentar dar um mergulho.
Chegada a treponti em Comacchio
A mamãe está apaixonada por Comacchio. Nem tanto pelos habitantes. Ela olhou todas as portinhas das vielas que saem dos Corso de Juisepe Garibalde, antiga via San Agostino, onde moravam os meus tataravôs. Quase que entre duas a três casas há vielas muito longas que dão para as outras ruas paralelas. Quase todas as casas têm imagens de santos na frente. Muitas delas e alguns comércios estão à venda. Alguém se interessa?

Cortinas externas nas portas e janelas. No mercado custavam 1 euro.
A cidade estava bastante vazia. Parece-me que é uma cidade pequena que ao redor existem várias praias. Então no verão isso daqui deve ferver de gente. Para mim a cidade é uma roça. As pessoas são bem atrasadas com relação a internet e inglês. Quase todo o comércio fica fechado. Os que abrem, abrem para lá de dez da manhã, fecham no meio da tarde e depois abrem de novo, mas fecha as sete e meia da noite.

Tentamos andar de barco pelos canais, mas desistimos. Perguntamos o preço e eles falaram que somos nós que dizemos quanto queremos pagar. Papai achou que ia dar confusão no final. Eu e a mamãe ficamos com medo de ser mandadas "tomar no ..." de novo.

Canais de Comacchio
Comemos quando chegamos, no restaurante do nosso hotel. Papai pediu um raviole negro recheado de abóbora e com molho de camarão. Maravilhoso! Eu e mamãe pedimos um risotto (só porque estava escrito riso carnarolli no cardápio, arroz típico italiano) de um peixe que não sei dizer o nome mas não se vê o peixe, ele desmancha. Muito saboroso! E para experimentarmos... o prato típico de Comacchio: enguia. Enguia é aquela cobrinha que vive no mar. Bom... foi só para experimentar, não para repetir!
Enguias vivas na peixaria
Hoje comemos spaghetti ao frutos do mar. Êta vida ruim, né!
Ah, hoje tinha uma feira enorme na cidade. Não sei se ela acontece uma vez por mês ou a cada 2 meses. Só sei que eu e a mamãe amamos! Tinham uns indianos vendendo bijouterias e prata. Comprei uma pulseira de prata maravilhosa! Já perdi. Ai, que tristeza, não me conformo até agora. Acho que foi na areia da praia, porque do contrário eu teria escutado ela caindo no chão.
Por falar em praia.... pegamos o taxibus para ir a Porto Garibaldi, uma praia pertinho daqui. Valor da passagem: 1,50 por pessoa. Papai deu 5 euros ao motorista. Ele disse que lhe daria o troco (0,50) mais tarde, porque agora não tinha, e deu apenas um ticket. De repente, o ônibus parou atrás de outro. Ele disse que havia uma coincidência e que havia outro indo para a região, então que deveríamos trocar. A motorista do outro nos pediu para ver os 3 tickets. Nós então dissemos que já havíamos pago e que nem recebemos o troco. Ela chamou ele e começamos a discutir. Ele jurou de pé junto que o papai tinha pago 1,50. Até que uma senhora italiana disse com firmeza que nós estavamos dizendo a verdade. Ele teve que nos pagar.  Como um cara desse não é demitido? A motorista até ligou para alguma pessoa e contou o ocorrido. Na volta pegamos ele de novo!
 
Corneto, pão dos restaurantes


 Os pães daqui são intragáveis! São secos e grosseiros.

Piadina, pão típico de Comacchio














Até então eu achava que seria nosso primeiro dia na Itália sem sermos passados para trás. Doce ilusão! No supermercado o papai comprou várias coisas para o nosso jantar no quarto do hotel. Quem disse que o presunto de parma veio? Que foi pago foi!

Presunto de parma do supermercado. Ficamos só na vontade!

Rumo a Veneza!

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